Não deixem de ler as Frases da Semana na Gazeta do Povo!
Tentemos agora redigir a verdadeira minuta do golpe, depois desse rolo todo. É ‘cassar’ ou ‘caçar’ que se escreve?
Tudo começou com o impeachment da Dilma e o ‘grande acordo nacional’ para “colocar o Michel... com o Supremo, com tudo, aí para tudo [a Lava Jato]”, nas palavras de Romero Jucá;
A Lava Jato, que já estava chegando no Dias Toffoli e no Gilmar Mendes;
Mas, com a implosão do PSDB e a ascensão de Jair Bolsonaro, o grande acordo nacional estava em perigo mesmo com Michel Temer no poder;
A solução encontrada foi tirar da cadeia o único que teria chances de derrotar Bolsonaro;
Iniciou-se, então, a ofensiva jurídica, com o STF abolindo a prisão em segunda instância e soltando Lula;
O que não garantia sua ‘ficha limpa’ nem o fim de seus problemas com a Justiça;
Para tanto, precisavam enfraquecer a Lava Jato do ponto de vista institucional, usando as mutretas de Flávio Bolsonaro como alavanca contra o pai;
E, paralelamente, manipulando as ambições políticas de Sergio Moro para dinamitar o governo por dentro;
Com a Lava Jato moribunda e seu principal juiz desacreditado, o STF agiu rapidamente para extinguir os processos envolvendo Lula, por tecnicalidades de foro e julgando a ‘suspeição’ de Moro;
A letargia causada pelo Covid foi fundamental para minar a resistência popular;
Com os processos extintos e os crimes prescritos, Lula agora era ‘ficha limpa’, embora nunca tenha sido inocentado;
O ‘grande acordo nacional’ então colocou Geraldo Alckmin como fiador na chapa de Lula;
Porém, com o fim do Petrolão, ainda existia o problema de financiar sua campanha. O que foi resolvido com o fundão eleitoral;
O ‘mercado’ — nas figuras de Armínio Fraga, André Lara Rezende, Luís Stuhlberger, et caterva — ainda traumatizado com o fechamento dos cofres do BNDES, fez sua parte ao denunciar Bolsonaro como “grande ameaça à democracia”;
A imprensa foi acionada para assegurar ao público que Lula “não devia mais nada à Justiça”;
Assim, consumou-se a eleição de Lula de maneira completamente inauditável;
Antes mesmo de assumir o cargo, Lula maquinou a reversão da proibição de nomeações políticas para cargos em estatais e quadruplicou as verbas publicitárias do governo;
Afinal, o ‘grande acordo nacional’ visava a divisão do butim;
O que incluiu uma temporada em Nova York para os ministros do STF, patrocinada por um dos candidatos do consórcio, João Doria;
Para dar um verniz de ‘defesa da democracia’, orquestrou-se a invasão dos prédios públicos em 8 de janeiro, manipulando-se a revolta popular;
Aproveitando a comoção nacional, Bolsonaro, ainda uma grande ameaça ao acordo, foi julgado inelegível;
Com o tempo, outros comparsas de Lula foram sendo descondenados (de Marcelo Odebrecht a Sergio Cabral e José Dirceu), restaurando-se aquilo que se convencionou chamar ‘normalidade democrática’ no Brasil;
E então concretizando a ‘recivilização do país’, nas palavras de um dos líderes dessa organização criminosa.
Agora, Bolsonaro e outros inimigos do grande acordo nacional são indiciados por tentativa de “abolição violenta do Estado de Direito”.
Mas, qual Estado de Direito?
Esse, onde o presidente é um criminoso condenado, o líder do governo na Câmara é o Capitão-Cueca, o Supremo legisla e o Congresso se omite?
Onde a suposta trama para o ‘assassinato’ de Alexandre de Moraes é tratada como ‘golpe de estado’, como se o chefe de estado fosse ele próprio.
Mas, o que de fato se configurou foi uma abolição ‘pacífica’ do Estado de Direito.
Onde foram extintos:
Prisão em segunda instância (soltura de Lula);
Imunidade parlamentar (caso Daniel Silveira);
Liberdade de expressão (suspensão de perfis);
Liberdade de imprensa (caso Jovem Pan);
Direito a habeas corpus (caso Filipe G. Martins e presos do 8 de janeiro);
Devido processo legal (Inquérito do Fim-do-Mundo).
E instaurados:
Prisões políticas (caso Allan dos Santos);
Cassação de mandatos da oposição (caso Deltan Dellagnol);
Censura prévia (caso Brasil Paralelo);
Censura indiscriminada (suspensão do Twitter).
Para ficar em apenas um exemplo para cada violação do Estado de Direito.
E a multinha do VPN, alguém levou ou foi só terrorismo digital mesmo?
As provas deste golpe não estão em mensagens secretas criptografadas, mas sim em em mensagens dadas à plena luz do dia: “Perdeu, mané”, “derrotamos o bolsonarismo”...
Enquanto Moro foi considerado ‘suspeito’ por trocar mensagens com os promotores da Lava Jato, Alexandre de Moraes, sendo juiz, investigador, promotor e ‘vítima’ ao mesmo tempo, é considerado acima de qualquer suspeita.
“Golpe que a gente sonha sozinho, é só um golpe; Golpe que a gente sonha junto, é recivilização” – Rosa Luxemburgo de Hiroshima
Para deixar claro, impedir um criminoso, que deveria estar na cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, de assumir a presidência não é golpe.
Mas, ‘golpe’ ou não ‘golpe’, a verdade é uma só: Lula nunca poderia ter assumido a presidência. Esse é o fato que está na origem de toda a crise constitucional, a ‘polarização’ e o ‘extremismo’ no país. E que precisará ser resolvido, de um jeito ou de outro.
Agora, que o Mourão nem participou, nem denunciou o ‘golpe’ é a prova cabal de que ele não tem um pingo de vergonha na cara.
Discurso de Teodora, Imperatriz Bizantina, por ocasião das Revoltas de Nica, que visavam depor seu marido Justiniano I, em 532 d.C.:
“Senhores, a situação é séria demais para que eu siga a convenção de que uma mulher não deve falar em conselho de um homem. Mas, sob a ameaça de um perigo extremo, devemos pensar apenas no curso de ação mais apropriado, não em convenções.
Penso que fugir não é o melhor caminho, mesmo que nos leve à segurança. É impossível para alguém, tendo nascido neste mundo, não morrer; mas para quem foi rei, é intolerável se tornar um fugitivo. Que eu nunca seja privada deste manto púrpura, e que eu nunca veja o dia em que não me chamem de Imperatriz.
Se quiser salvar sua pele, meu senhor, é fácil. Somos ricos; o mar está ali, e mais adiante estão nossos navios. Entretanto, pense se, uma vez que tenha escapado e se encontre em um local seguro, você não trocaria tal segurança pela própria morte, em um instante. No que me toca, acredito que o púrpura imperial fará a mais nobre mortalha.”
E, como Imperatriz, ela viveu até o final de seus dias.
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Vou até anotar esta lista histórica de vergonha alheia.