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Realmente, é um tema que oferece muitas nuances para discussão. Penso que essa questão é frequentemente debatida de forma muito teórica, ideológica e com muita agitação de quem se julga no lado correto, sem realmente enxergar o aspecto social, a raiz do problema. Muitas vezes, a culpa é atribuída à mulher e aos partidos de esquerda, mas raramente se vê um conservador ou liberal (independentemente da ideologia) colocando a responsabilidade na pessoa que participou da concepção, afinal, bebês não são resultado de intervenção divina, certo?

E não adianta virem com o discurso de "ninguém mandou abrir as pernas" ou "não se dá ao respeito, agora aguente". O homem, em sua essência (e muitos por se sentirem superiores ao sexo oposto, seres que, curiosamente, também tiveram uma mãe, avó, irmã, prima, sei lá), deveria assumir uma grande responsabilidade nisso.

Por que a mulher, muitas vezes sem uma ideologia definida, acaba optando pelo aborto? Aquela jovem da periferia, na casa dos 20 anos, vivendo na linha da pobreza, sem emprego, convivendo com mais 6 irmãos em um barraco, por que optou pelo aborto? Geralmente, nessas situações, o pai nunca esteve presente, os irmãos podem ter pais diferentes, a mãe não tem nem o ensino médio e trabalha recolhendo materiais recicláveis.

O aborto não é uma questão de ser a favor ou contra. O aborto GRITA desesperadamente: esta sociedade carece de informação adequada e acesso à saúde da família, de qualidade e gratuito. Em vez disso, temos acesso ilimitado a ideologias que não resolvem nossos problemas, inundando a internet, os jornais, as novelas e as conversas de esquina. Sejam elas de direita ou de esquerda, essas ideologias não contribuem para resolver o problema.

Vejo o tema do aborto de forma semelhante às minhas reuniões virtuais na empresa, onde a diretoria está em sua sede na capital, no 67º andar do edifício mais luxuoso da cidade, elaborando planos mirabolantes que apenas quem está na operação diária sabe que são impraticáveis. Eles se preocupam com detalhes irrelevantes, enquanto o que realmente afeta a empresa, como a qualidade da assistência interna aos funcionários - melhores refeições, escalas de trabalho mais justas, equipamentos mais modernos e eficientes, um ambiente de trabalho saudável, políticas contra o assédio e abuso moral e físico, e programas de reconhecimento significativos - muitas vezes são negligenciados. É assim que nossa sociedade aborda assuntos importantes.

O problema não é apenas como resolver o aborto, mas sim como educar a sociedade para que valorize a vida, a compreenda e descubra métodos de prevenção. Precisamos educar melhor nossos homens para que sejam cavalheiros e não se comportem como vagabundos cafajestes. Ninguém busca um homem excessivamente sensível e delicado, mas também não queremos o extremo oposto. Afinal, nos extremos, não há vida, apenas queimaduras por frio ou por fogo.

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