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Avatar de Bernardo Oliveira

Realmente, é um tema que oferece muitas nuances para discussão. Penso que essa questão é frequentemente debatida de forma muito teórica, ideológica e com muita agitação de quem se julga no lado correto, sem realmente enxergar o aspecto social, a raiz do problema. Muitas vezes, a culpa é atribuída à mulher e aos partidos de esquerda, mas raramente se vê um conservador ou liberal (independentemente da ideologia) colocando a responsabilidade na pessoa que participou da concepção, afinal, bebês não são resultado de intervenção divina, certo?

E não adianta virem com o discurso de "ninguém mandou abrir as pernas" ou "não se dá ao respeito, agora aguente". O homem, em sua essência (e muitos por se sentirem superiores ao sexo oposto, seres que, curiosamente, também tiveram uma mãe, avó, irmã, prima, sei lá), deveria assumir uma grande responsabilidade nisso.

Por que a mulher, muitas vezes sem uma ideologia definida, acaba optando pelo aborto? Aquela jovem da periferia, na casa dos 20 anos, vivendo na linha da pobreza, sem emprego, convivendo com mais 6 irmãos em um barraco, por que optou pelo aborto? Geralmente, nessas situações, o pai nunca esteve presente, os irmãos podem ter pais diferentes, a mãe não tem nem o ensino médio e trabalha recolhendo materiais recicláveis.

O aborto não é uma questão de ser a favor ou contra. O aborto GRITA desesperadamente: esta sociedade carece de informação adequada e acesso à saúde da família, de qualidade e gratuito. Em vez disso, temos acesso ilimitado a ideologias que não resolvem nossos problemas, inundando a internet, os jornais, as novelas e as conversas de esquina. Sejam elas de direita ou de esquerda, essas ideologias não contribuem para resolver o problema.

Vejo o tema do aborto de forma semelhante às minhas reuniões virtuais na empresa, onde a diretoria está em sua sede na capital, no 67º andar do edifício mais luxuoso da cidade, elaborando planos mirabolantes que apenas quem está na operação diária sabe que são impraticáveis. Eles se preocupam com detalhes irrelevantes, enquanto o que realmente afeta a empresa, como a qualidade da assistência interna aos funcionários - melhores refeições, escalas de trabalho mais justas, equipamentos mais modernos e eficientes, um ambiente de trabalho saudável, políticas contra o assédio e abuso moral e físico, e programas de reconhecimento significativos - muitas vezes são negligenciados. É assim que nossa sociedade aborda assuntos importantes.

O problema não é apenas como resolver o aborto, mas sim como educar a sociedade para que valorize a vida, a compreenda e descubra métodos de prevenção. Precisamos educar melhor nossos homens para que sejam cavalheiros e não se comportem como vagabundos cafajestes. Ninguém busca um homem excessivamente sensível e delicado, mas também não queremos o extremo oposto. Afinal, nos extremos, não há vida, apenas queimaduras por frio ou por fogo.

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Avatar de Livre Arbítrio

Fala Bernardo, você sempre tem excelentes pontos, e agora não é diferente. Mas vejo os argumentos que traz mais como o ‘outro lado da moeda’ do que necessariamente um contraditório... até porque eu concordo com a maioria deles.

Se você é conservador, você acredita que o homem deve ser o provedor, neste sentido o pai tem até mais responsabilidade do que a mãe pela gravidez, porque ele tem que prover pela mãe e pela criança. Não dá pra ignorar esse fato e se dizer conservador.

E vc está coberto de razão, muito conservadores se dizem contra o aborto e depois vão lá estigmatizar e humilhar mães solteiras, demonizam e negligenciam as crianças de rua, ficam reclamando que pagar licença-maternidade é o estado “pagando mulher pra ter filho” ou são contra penalizar duramente os pais que não pagam pensão alimentícia. Claro, existem abusos, mas não dá pra ser contra o princípio.

E não adianta ir dormir tranquilo, achando que dá para acabar com o aborto na base da canetada. Mais uma vez concordo com vc, mais importante do que leis proibindo o aborto é construirmos uma sociedade onde o aborto seria não só impensável, mas também na qual nenhuma mulher se encontrasse numa situação tão desesperadora que chegasse a entreter a idéia.

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Avatar de Bernardo Oliveira

É isso aí, cara, tudo muito superficial. Pagar pensão só depois de ter um filho é moleza, né? Afinal, o cara não é quem perde os finais de semana, atrasa os estudos, a carreira e a vida social. As pensões que as mães recebem mal dão para a comida, quem dirá para aluguel, luz e água. E se for um bebê com problemas que precisa de fórmula, acaba crescendo desnutrido.

Uma das formas de realmente reduzir o aborto é cobrar uma responsabilidade maior dos homens, de verdade, na hora de assumir suas responsabilidades. Se para a mulher é fechar as pernas, para o homem é pensar antes de agir, não só pagar, mas planejar como sustentar a mãe e o filho até a criança poder ir para a escola. Ah, mas daí vão dizer que a vida dele acabou... haha, engraçado, a vida da mulher pode acabar.

Não sou nenhum feminista radical, mas estou cansado de ver homens covardes querendo ditar regras para as mulheres sem sequer se olharem no espelho. Como você diz, se são conservadores, tenham atitude!

A verdade é que nosso mundo está cheio de caras que se acham, mas que na prática são uns covardes. Adoram se exibir, mas na hora do vamos ver, fogem. Covardes que não dariam a vida nem pelos próprios filhos. Uma sociedade de homens sem valor. É triste. Vejo isso nos meus funcionários mais jovens, a maioria não pensa no futuro, só quer curtir droga, funk e ficar com as novinhas... E as garotas, nem se fala. Mas fazer o quê? A maioria é criada na rua sem pai, porque a mãe não tem com quem deixar, e no final são moldados pelo sistema que está aí.

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