10 Impressões Sobre a Vitória de Trump
"When you're explaining, you're losing; when you're entertaining, you're winning"
Foi uma vitória pragmática, não ideológica. Desta vez, Trump não se apoiou em grandes promessas, como a construção do muro na fronteira ou a reversão de Roe v. Wade. Em vez disso, centrou seu discurso no combate à inflação, na redução dos gastos públicos, na melhoria do emprego (principalmente na indústria) e no controle da imigração — mas focando nos impactos secundários no sistema de saúde, na moradia e na segurança. Com Roe v. Wade anulada e sem perspectivas de reeleição em quatro anos, Trump não hesitou em se afastar do movimento pró-vida — seu fiel apoiador — e adotar uma postura mais progressista em relação ao aborto (deferindo a decisão para os estados) para estancar uma possível perda de votos.
Conversão dos isentões. Até por essa postura mais pragmática, Trump atraiu muitos indecisos. Seu próprio vice, J.D. Vance, já se declarou profundamente anti-Trump no passado. Elon Musk é historicamente um democrata, assim como Robert Kennedy Jr., um ativista ambiental ex-democrata que abandonou sua candidatura para apoiar Trump. Eu não gosto nem um pouco dessa estratégia, e vamos precisar ver como isso se materializa em termos de políticas, mas deu certo.
Uma derrota da extrema-esquerda. A derrota de Kamala Harris, a candidata à presidência mais radicalmente progressista da história dos EUA, evidencia mais uma vez a radicalização da esquerda, que adotou pautas impopulares e negligenciou os problemas reais da população ao focar no aborto e outras pautas identitárias, rejeitadas pelo eleitorado.
A burocracia eleitoral importa. No estado da Carolina do Norte — onde Trump venceu por menos de 100 mil votos —, 750 mil eleitores irregulares foram excluídos dos registros desde a última eleição. A tendência de aumento no uso de urnas eletrônicas foi interrompida, resultado do trabalho de ativistas republicanos em busca de eleições mais transparentes. Olhando para como as margens de Kamala Harris declinaram em relação às de Biden, é inegável o efeito.
Os institutos de pesquisa parecem ter melhorado. Assim como o processo eleitoral se tornou mais honesto devido à pressão e às suspeitas lastreadas por ações legais e fiscalizações, o mesmo aconteceu com os institutos de pesquisa, que se mostraram mais neutros, mais avessos ao risco e, portanto, erraram menos.
A mídia perde cada vez mais poder. Não vou nem me estender muito, mas é importante notar como cada vez menos a mídia tradicional consegue manipular a narrativa. Porém, com Trump no Salão Oval, tanto as grandes redes liberais americanas (ABC, CBS, NBC) quanto os canais a cabo (CNN, MSNBC) devem ver um ganho enorme de audiência. O que, talvez e paradoxalmente, se traduza em um aumento de sua influência.
A política exterior também importa. Trump manteve uma postura neutra, senão isolacionista, como um candidato anti-guerras. Kamala falhou em explicar sua posição sobre o conflito Israel-Palestina (uma questão que divide profundamente sua base) e como terminaria a guerra na Ucrânia sem continuar enviando bilhões de dólares dos contribuintes americanos para lá. Em estados-chave como Michigan, isso fez a diferença.
O lawfare saiu pela culatra. As tentativas de colocar Trump na prisão, seja pela ‘insurreição’ de 6 de janeiro ou por supostos crimes, acabaram por energizar seus apoiadores mais do que prejudicá-lo legalmente, especialmente durante as primárias.
Reviravoltas em ano eleitoral. Foi um ciclo eleitoral repleto de situações inéditas, desde as condenações de Trump até duas tentativas de assassinato, passando pelo desempenho desastroso de Biden, que expôs seu declínio cognitivo durante os debates. Houve ainda a remoção de um candidato democrata no meio do processo e a promoção de uma candidata que não havia recebido nenhum voto nas primárias. Assim como as eleições de 2020, que foram marcadas por situações sem precedentes devido ao Covid, as circunstâncias deste ano também tornaram estas eleições atípicas, dificultando a utilização destes eventos para fazer previsões futuras.
“The most entertaining outcome is the most likely”. Como diz a frase popularizada por Elon Musk, ‘o desfecho mais divertido é o mais provável’, o que se provou verdadeiro mais uma vez. Como Ronald Reagan dizia, ‘Se você está se explicando, você está perdendo’. E Kamala só é pior em se explicar do que ela é em entreter.
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