Por Que os Progressistas São Tão Ruins em Raciocínio Crítico?
Um modelo para entender o progressista contemporâneo
Não deixem de conferir as frases da semana na Gazeta do Povo!
No poema de Goethe, Der Zauberlehrling (“O Aprendiz de Feiticeiro”), o tal aprendiz invoca forças mágicas que acabam por ganhar vida própria e sair de controle, causando mais mal do que bem de maneira imprevisível, mas totalmente esperada.
Qualquer semelhança com os progressistas modernos não é coincidência; o poema serve como uma advertência perfeita sobre os perigos de deixar suas fantasias intelectuais interferirem com a realidade. Não é difícil ver que os progressistas compartilham um conjunto de características com o aprendiz, que definem tanto suas personalidades quanto o resultado de suas ações:
Racionalismo ingênuo: uma crença de que os resultados desejados só podem ser o produto de controle direto;
Visão estética do mundo: a tendência de basear o entendimento do mundo principalmente em percepções sensoriais, levando a uma compreensão estreita e superficial da realidade;
Narcisismo: um senso exagerado de autoimportância e uma necessidade de validação e atenção constantes; e
Complexo de Édipo: uma atitude agressiva e irracional em relação às conquistas dos seus predecessores.
Se você considerar o poema de Goethe como uma tragédia em quatro atos — cada um explorando uma das características acima — a obra revela semelhanças impressionantes entre o aprendiz e os progressistas modernos. É como se Goethe estivesse prevendo as atitudes e comportamentos de nossos esquerdistas mais de dois séculos no futuro...
Ato I — Pensamento Ingênuo, a Gênese do Caos
“O meu mestre feiticeiro
Um dia quis se ausentar.Seus espíritos tomei
E fiquei em seu lugar.Vi suas magias.
Vou fazer igual.Farei maravilhas
Com força mental!”
(O Aprendiz de Feiticeiro — Der Zauberlehrling, Johann Wolfgang von Goethe, tradução de Mônica Rodrigues da Costa)
Assim como o aprendiz, os progressistas acreditam que podem realizar tudo o que desejam, basta um dia possuir o poder para tal. É o que Karl Popper se referia como ‘racionalismo ingênuo’: para manifestar qualquer estado da natureza, precisamos simplesmente declarar que ele deve existir, por exemplo, ‘Palestina livre, do rio ao mar!’, ‘fim dos combustíveis fósseis!’, ‘mulheres trans são mulheres!’, etc.
Um autoengano onde pensamos poder continuar tirando vantagem da ordem espontânea da sociedade enquanto, ao mesmo tempo, a ordenamos de acordo com nossa vontade. Isso não é apenas equivocado; é uma verdadeira tragédia, pois sempre foi o reconhecimento de nossas limitações que permitiu aos humanos utilizarem suas habilidades em sua plena extensão.
Para os progressistas, a ideia de que o pensamento crítico requer reconhecer limitações foi suplantada pelo ‘ideal construtivista’, que sustenta que todas as instituições humanas devem ser criadas conscientemente através da ação humana; levando à noção de que apenas as instituições intencionalmente projetadas, ou ‘planejadas’, são benéficas.
Essa ideia está por trás, por exemplo, do desprezo da esquerda ‘socialista e democrática’ por mercados livres, desregulação e as religiões. Ela também é a razão dos erros do aprendiz de feiticeiro — fazendo-o acreditar, arrogantemente, que poderia controlar forças além de seu alcance.
Ato II — Dores de Crescimento e a Recusa em Deixar a Fase Estética da Vida
“Vem, dona Vassoura!
Entra,Enrola-te nestes panos!Já trabalhaste bastante:
Estou, agora, no comando!Põe-te de pé,
Cabeça pra cima,Anda, vá depressa
Pôr água na tina!”
Parece que os progressistas não querem crescer, como um bando de Peter Pans viciados em bloqueadores de puberdade. Eles permanecem presos no que Kierkegaard descreveu como a fase ‘estética’ da vida — caracterizada por um foco na busca pelo prazer e indulgência em experiências sensoriais, preocupados apenas com o presente imediato em vez do futuro — ou do passado.
Essa ideia ajuda a explicar por que muitos progressistas podem exibir comportamentos como uma fascinação por drogas, sexo não convencional e arte conceitual; um desejo de mudar aspectos fundamentais da natureza humana para perseguir ideais hedonistas inalcançáveis, e uma tendência a se tornarem facilmente entediados ou arredios quando seus desejos não são atendidos.
Viver na fase estética é, é claro, uma atitude imatura e superficial que se concentra apenas na autogratificação e ignora as necessidades ou desejos dos outros. É, em última análise, insatisfatório e incapaz de prover qualquer significado ou propósito na vida.
Essa crença na própria invencibilidade, juntamente com uma confiança cega de que tudo o que se deseja é vantajoso, pode levar à desconsideração das consequências de suas ações. Por isso, os progressistas não constroem para o futuro, eles desconstroem para agora.
Ato III — A Descida à Loucura Narcisista
“E toda essa água escorra!
Ela busca água do rio.Veja lá, está na beira!
Deixa tudo em desvario.Raios! Que aguaceira!
Na segunda vez
Derramou a tina…Nessa rapidez,
Enche uma piscina!”
Quando as coisas (inevitavelmente) dão errado, os progressistas normalmente se recusam a aceitar qualquer responsabilidade pessoal, relutantes em considerar seu papel em quaisquer falhas. Eles bloqueiam críticas — tapando seus olhos e ouvidos, embora nunca suas bocas —, agindo como se pudessem pisotear a realidade até a morte, simplesmente batendo seus pezinhos com força.
“Que pampeiro! Basta,
Ou entro pelo cano!O feitiço
Virou contra o feiticeiro.Preciso acabar com isso!
Mas que palavra dará
Fim a tudo isso aqui?Cadê a palavra… a…
Céus! Eu já me esqueci!Ei, volta ao normal!
O quê? Ainda traz
Água? Mau sinal!Ai, ai! Que enxurrada!”
Essa falta de racionalidade muitas vezes se manifesta em vandalismo, depredações, cantos ritualísticos e ataques de birra. Movidos pelo desejo de deformar a realidade para se ajustar às suas percepções sensoriais, eles desandam a censurar, suprimir, controlar, padronizar e homogeneizar visões divergentes. Seu narcisismo os convence de que quaisquer circunstâncias negativas devem ser obra de inimigos externos, não consequências de suas ações.
Assim, eles criam conspirações imaginárias, vendo monstros por toda parte, como o ‘Patriarcado’ onipotente e onipresente, trabalhando ativamente para oprimi-los a todo momento através dos séculos.
“Ó, espírito de porco,
Vais inundar toda a casa?Vejo que sobre a escada
O aguaceiro loucoEscorre e desaba.
Malvada vassoura.Não vais sossegar?
Não finjas que é boba!
Faz o que eu mandar!”
Além de rejeitar a responsabilidade por seus fracassos, os progressistas narcisistas muitas vezes se deixam levar por fantasias de sucesso, poder e beleza; exibindo um senso exagerado de merecimento e esperando tratamento e privilégios especiais. Quando não conseguem alcançar isso através de seus próprios méritos — o que é frequentemente o caso — eles são rápidos em reivindicar crédito pelos sucessos de outras pessoas.
‘Eu projeto, portanto, eu sou.’ Assim como eles projetam suas falhas nos outros, eles atribuem os sucessos dos outros a si mesmos, como filhos bastardos de Freud e Descartes, temperado com uma pitada ruim de Nietzsche, como é de costume.
Isso os leva a conjurar heróis imaginários: celebridades, artistas, cientistas e outros, aos quais eles atribuem qualidades e capacidades que não correspondem à realidade. Em seu entusiasmo para se alinhar com essas virtudes imaginadas, eles renegam qualquer ceticismo saudável.
“Não vais parar,
Piaçava
Varre-varre?Se voltares,
Prometo te arrebentar
Em muitas e muitas partes!Ó, duende, olha o machado!
Eu te cego e eu te quebro!Ela se partiu…
Posso respirar!Danada, sumiu!
O mal vai passar”
Se o mundo ainda parece imperfeito para eles, é porque ainda não conseguiram impor totalmente sua vontade sobre o mundo. Parece sempre faltar algo em sua percepção da realidade.
Eles se tornam obcecados em adicionar novos elementos ao sistema em busca da perfeição, apenas para se encontrarem mais distantes dela a cada tentativa. Considere a resposta progressista à Covid: lockdowns, vacinas experimentais, obrigatoriedade de máscaras, passaportes de vacina... Sempre há mais um passo que eles consideram necessário. Eles persistem porque admitir erro simplesmente não é uma opção — ignorando o espelho que insiste em dizer-lhes que não são os mais belos de todos.
Ato IV — A Tragicomédia de Enfrentar Seu Complexo de Édipo
“Eles correm, inundando,
Molham tudo, a sala inteira,A água está aumentando!
Meu mestre, ouve estas queixas!O velho voltou…
Senhor, vem olhar,Espíritos loucos
Não sei afastar!”
O complexo de Édipo é um conceito psicanalítico desenvolvido por Freud; refere-se ao desejo de uma criança por sua ‘mãe submissa’ e ciúme e rivalidade em relação ao seu ‘pai dominante’. Isso por si só explica a afinidade irracional do progressista por qualquer grupo percebido como oprimido.
Humanos saudáveis experimentam o complexo de Édipo durante a infância e o superam após a puberdade. Mas, como ilustrado no Ato II, os progressistas parecem perpetuamente presos numa fase adolescente, viciados em placebos mentais que os impedem de deixar a puberdade.
A resolução do complexo de Édipo é crucial para desenvolver uma personalidade adulta funcional, incluindo o perdão dos ‘pecados do pai’ ao reconhecer que você é tão falível quanto. O aprendiz no conto aprendeu essa lição, mas tragicamente, os progressistas ainda não.
Tentando enganar a si próprios, eles tentam subverter a natureza, mostrando desprezo pela tradição, costumes e história. Eles desejam ser Deus, mas acabam sendo apenas o Dr. Frankenstein de si próprios — constantemente à beira de um colapso mental de sua própria autoria, mas pelo qual culpam supostas forças malignas do passado.
Este ciclo vicioso ganhou um contorno contemporâneo que Goethe nunca poderia ter previsto: o surgimento de milhões de aprendizes de feiticeiro, reforçados por um ecossistema interconectado, ampliado pela mídia de massa. Essa nova realidade promove a ilusão de que eles podem contornar as estruturas tradicionais necessárias para resolver seus problemas, simplesmente reforçando a crença de que eles são perfeitos como são. Desde que encontrem a validação social necessária para tanto.
Ao contrário do aprendiz solitário, que foi obrigado a enfrentar seus erros, seus pares modernos agora enfrentam a perspectiva muito sombria de passar pela vida sem nunca ter de lidar com as consequências de suas ações — uma tragédia em infinitos atos.
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