Pouca gente sabe, mas existe uma vasta extensão de terras no Atlântico Sul à qual os especialistas chamam de ‘Brasil’, que é esparsamente ocupada por uma única tribo, chamada de ‘brasileiros’.
Na média, até que o Brasil não é ruim. O problema do Brasil é a volatilidade.
Deus fez o homem do barro.
E fez o brasileiro encostado no barranco, nas coxas.
Por isso todo brasileiro tem cor de barranco. Uns são barranco claro, outros barranco escuro.
50 tons de barranco.
Por isso o brasileiro não é caucasiano, ou afro-brasileiro ou descendente de imigrantes. Ele é sarará, tico-tico no fubá ou mestiço. O brasileiro tem sua própria etnografia.
Em minha última expedição ao Brasil, presenciei uma mesa redonda da GloboNews onde um cafuzo, um mameluco e uma cariboca reconheciam seu privilégio branco.
Mas, branca é a parede.
E os europeus. E americanos. Do norte.
No sul, nós somos cor de barranco. A não ser bem no sul.
Na Bomeroda.
De resto, somos mazombos. E eu provavelmente seja até um salta-atrás.
E vou ficar, com certeza, mameluco beleza.
Porque o complexo de vira-latas é uma mentira.
Você vai pra Europa, achando que é branco e estará entre seus pares. Mas, quando vê, tá o segurança te seguindo dentro do mercado.
E tem o negro europeu. Que vai pra África, achando que é negro, e chega lá o cara só fala francês e o pessoal não aceita.
Histórias verídicas.
A África, que enquanto África, é de onde viemos. E, enquanto espécie, é para onde voltaremos. A Era de Ouro da África subsaariana é parte necessária do arco da humanidade, enquanto potagonista da tragédia da existência.
Todo mundo muito preocupado em desvendar as origens da espécie, quando o pulo do gato está no destino da espécie.
A única espécie que se convenceu de que possui um destino manifesto.
Especialmente o brasileiro, essa criatura pitoresca. Que é o único produto do mundo. Todos os outros povos são apenas insumos.
O Brasil é a pós-civilização. Entenda como quiser.
Por isso o brasileiro vive assoberbado por aquela sensação de que os outros países são meio fake, meio de plástico. Bons demais ou ruins demais. Só o Brasil é na medida certa.
Paris é a Rio mais-que-perfeita. NY é a SP em versão cidade grande.
Voltando à questão da raça, foi triste ver o Brasil se transformar de um país multirracial em um Frankenstein pseudo-étnico.
Em comum, ainda temos aquele sentimento de ser o prato mais barato no menu de um restaurante caro.
Deus me fez brasileiro. Eu recorri. Daí Ele me fez carioca. Recorri de novo. Perdi. E Ele me fez vascaíno. Meu advogado, Dr. Honoris Causa, vai entrar com uma petição de miséria.
E me aconselhou: “Em hipótese alguma admita ser brasileiro! Não produza provas contra si próprio!”
Porque, como bom brasileiro, eu peco por excesso até quando me omito.
Como diria o Chico Science, nós viemos para desorganizar. Da lama ao caos. A única lei que o brasileiro (ainda) respeita é a segunda lei da termodinâmica.
E é isso que o PSTF quer mudar. Para promover aquela ‘organização’.
Porque, a única coisa organizada no Brasil, todos nós sabemos o que é…
“Brasília estava em festa”. As 4 palavras que assustam qualquer brasileiro.
E o que nos resta para lutar contra a ‘organização’ é a polarização.
O brasileiro olha pra entropia e se pergunta “o que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?” Daí vai lá e polariza.
Porque o Brasil primeiro pega no tranco, e depois começa a se mexer sozinho.
Viktor Frankl dizia que os Estados Unidos precisam de uma Estátua da Responsabilidade na costa oeste, para complementar a Estátua da Liberdade na costa leste.
E o Brasil precisa de uma Estátua do Cristo Inquisidor em Brasília (claro) para polarizar com a Estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro (também claro).
A polarização entre o concreto romano e o abstrato grego, já que o Brasil só não se desmancha no ar porque já não é lá muito sólido.
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Se você lê 1984 e vê o autoritarismo em nome do ‘bem comum’. Lê Admirável Mundo Novo e vê o totalitarismo em nome do ‘progresso’. Lê Fahrenheit 451 e vê a tirania em nome do ‘politicamente correto’. Quando acontece na vida real, não pode apoiar a censura em nome da ‘democracia’.