“Se estourar uma guerra mundial, o Brasil estará do lado errado.”
É o título do excelente artigo do Paulo Polzonoff n’A Gazeta do Povo, que li com ares de Alfred E. Neumann, pensando “What, me worry?”
“Ok, ele pode até estar certo, mas a gente sabe que terceiras guerras mundiais não acontecem. Diz estudo.”
Eu penso assim mesmo, quando quero me convencer de alguma coisa, eu mentalizo “diz estudo”. Aprendi pensamento crítico assistindo à GloboNews.
Um plebiscito marcado para o dia 3 de dezembro na Venezuela, porém, pode mudar tudo. E os plebiscitos na Venezuela costumam ser tão previsíveis quanto os elitescitos do STF.
“Você concorda com a criação do estado de Guiana Essequiba [...] incorporando, consequentemente, esse estado ao território venezuelano?” É a pergunta.
O problema é que a tal Essequibo é uma região do tamanho Ceará que pertence a um país vizinho, a Guiana (ex-colônia britânica).
Essequibo, claro, é rica em petróleo. 1,4 bilhões de barris ou US$115 bilhões, a preços de hoje.
Tal petróleo faz da Guiana a economia que mais cresce no mundo de acordo com o FMI — com crescimento projetado de 38% para 2023. Segundo a Fitch Solutions, espera-se que o PIB da Guiana cresça 115% até 2028.
O conflito é antigo, datando pelo menos de 1841, mas se acirrou no mês passado após a Guiana realizar um leilão de 14 licenças para exploração de óleo & gás em águas profundas na região. Em resposta, a Venezuela alertou às petroleiras que quaisquer licenças emitidas pela Guiana devem ser consideradas “nulas e sem efeito”.
Em 2015, a gigante americana Exxon Mobil anunciou a descoberta de 700 milhões de barris (US$ 58 bilhões) na região. Em resposta, Nicolás Maduro assinou um decreto criando uma ‘zona de defesa’ no Oceano Atlântico, removendo o acesso da Guiana ao mar e estabelecendo a soberania venezuelana sobre a área onde se encontram as reservas da Exxon.
Mas a tal ‘zona de defesa’ nunca foi efetivada. Lembre que a Exxon tem amigos influentes em Washington. Se bem que isso não impediu Hugo Chávez de surrupiar US$10 bilhões da companhia em 2007, quando a Venezuela nacionalizou seus ativos no país.
O governo da Guiana alertou que o plebiscito representa nada menos que “a anexação de dois terços do território da Guiana” e constitui um “crime internacional de agressão”, advertindo quanto ao potencial de “incitar violência e ameaçar a paz e a segurança do Estado da Guiana e, por extensão, de todo o Caribe”.
O roteiro que se desenrola na Venezuela soa familiar. Assim como com o Irã, o governo de Joe Biden vem se aproximando e fazendo concessões para a ditadura de Maduro, em uma tentativa de sair a crise econômica em que se meteu.
Depois de dezoito meses de intensas negociações, incluindo reuniões secretas no Catar — o parque de diversões da elite do Hamas —, os EUA recentemente liberaram a exportação de petróleo e ouro venezuelanos, em troca da libertação de cinco prisoneiros políticos.
Lendo isso, até me bateu uma esperança para a turma do 8 de janeiro…
Um ex-alto funcionário dos EUA descreveu as concessões como “surpreendentes em sua generosidade”. A oposição venezuelana expressou preocupação de que “os EUA sejam ingênuos ao acreditar que Maduro tenha alguma intenção de realizar eleições limpas” no próximo ano, e que o alívio das sanções iria “gerar um mar de corrupção e permitir que Maduro acelere o saqueamento da Amazônia venezuelana.”
A América do Sul está se tornando um teatro de marionetes do Putin. Enquanto Maduro ainda é a primeira-bailarina, Lula vem se mostrando uma concubina voluntariosa ao fazer qualquer servicinho sujo em favor do carrasco do Kremlin.
Primeiro, permitiu ao Irã que atracasse dois navios de guerra no Rio de Janeiro. Depois, acusou os EUA de instigar a guerra na Ucrânia. Na presidência do Conselho de Segurança da ONU, advoga abertamente pelo escandaloso cessar-fogo que somente beneficiaria o Hamas. Além de acusar Israel de genocídio em Gaza.
No outro vizinho, Colômbia, o presidente e ex-guerrilheiro Gustavo Petro já foi descrito por Putin como “um parceiro promissor” e tem trabalhado ao lado do presidente esquerdista do México, López Obrador, para solidificar o apoio à posição da Rússia na Ucrânia entre os líderes latino-americanos. Petro recentemente comparou as ações de Israel em Gaza com as de Hitler.
É bom lembrar que, desde 2008, a Rússia já enviou bombardeiros Tupolev (com capacidade nuclear) para a Venezuela em três ocasiões; além de enviar um um navio cruzador (também com capacidade nuclear) para participar de exercícios com a marinha venezuelana.
E a Venezuela, que busca $1 bilhão em financiamentos do Banco dos BRICS, triplicou o efetivo de suas forças armadas na última década:
Mas, mesmo com o ‘sucesso’ do plebiscito e o apoio irrestrito do Eixo do Mal, ainda é díficil imaginar os tanques de Maduro cruzando a fronteira e invadindo a Guiana de fato. A menos que, nos cálculos de Maduro e Putin, os EUA estejam muito distraídos no exterior, ou fragmentados demais em casa, para efetivar uma estratégia de détente crível.
De uma forma ou de outra, Lula segue bancando o macho-analfa da América Latina ao exportar sua Boçalpolitik, aprofundando a aliança anti-americana e pró-Putin entre a extrema esquerda do continente.
Washington, D.C. versus Brasília, DCE.
Vendo isso, Polzonoff nos alerta que “Esse governo, numa eventual reencenação de 1943, criará uma Força Expedicionária Brasileira para lutar contra a liberdade.”
É, se a cobra fumar agora, vai ser um cigarrinho eletrônico.
“Não Vai Ter Copa!”
“Bandido Não Sobe A Rampa!”
“Não Vai Ter Terceira Guerra Mundial!”
Terceire Guerre Mundial.
Aliás, o que aconteceu com os especialistas que ficavam adiantando o ‘relógio do fim do mundo’ toda semana, quando o Trump estava na presidência dos EUA? Nunca mais ouvi falar.
Deve ser porque, agora, a maior ameaça existencial para a humanidade são as ‘mudancas climáticas’. Diz estudo.
Meu livro “Primavera Brasileira” está disponível na Amazon (em versões eBook e física),, um livro de frases com a crônica do processo eleitoral (por falta de palavra melhor) que o Brasil sofreu em 2022.